Bate-papo exclusivo com o SHN: 25 anos de arte urbana, amizade e ‘Obrigado Vida’

O +Blog teve a honra de receber o lendário coletivo SHN para um bate-papo daqueles que engrandecem a cultura urbana brasileira. São 25 anos de história, colando stickers, pintando murais e, acima de tudo, celebrando a vida com arte, amizade e resistência.

Direto de Americana para o mundo, os integrantes do SHN compartilharam com a gente uma jornada que atravessa gerações e transforma o olhar sobre a cidade. De cartazes serigrafados para festas independentes até grandes murais em espaços públicos, SHN faz da rua uma galeria viva, onde cada cor e cada traço são convites à coletividade.

O início: do rock à serigrafia

No começo dos anos 2000, a cena urbana em Americana era praticamente inexistente. Não havia movimento consolidado de stickers nas cidades brasileiras. O SHN encontrou no DIY do rock, na serigrafia artesanal e na sobra de materiais o ponto de partida para criar juntos, experimentar e ocupar o espaço público de forma visceral. Tudo começou com um trabalho de faculdade, até descobrir (inspirados até em referências internacionais como Shepard Fairey) que a rua era um grande playground para a arte coletiva.

“Fazer junto, errar junto, zoar junto”, destaca o grupo, lembrando que, para além da técnica, o segredo sempre foi a troca, o bom humor e a amizade.

25 anos, muitos adesivos e muita história para contar

No bate-papo, SHN rememora perrengues — da famosa lenda do balde de tinta no alto de um mural, às viagens internacionais onde “rolaram umas prisões por burrice”, segundo Daniel. Entre risadas, eles deixam claro: o que sustenta o coletivo é a confiança de quem sabe que pode contar com o outro em qualquer situação.

A amizade, inclusive, é definida como base do trabalho: “Se vacilar, eu sei onde mora”, brincam no papo, mostrando que parceria verdadeira é aquela que sobrevive ao tempo e à escada mais alta de mural.

O impacto e a filosofia “Obrigado Vida”

Ser acessível. Essa é uma das marcas do SHN. Seja pintando o Mercadão Municipal de Americana ou colando stickers em placas de trânsito, o coletivo faz questão de democratizar a arte, levando cor e poesia onde menos se espera. “Sticker é igual vírus: é espalhar mesmo. É mais sobre quantidade do que qualidade”, confessa o grupo, reforçando a ideia de que a arte deve ser vista por todos, em qualquer lugar — do banheiro do rolê à avenida principal.

E se teve um lema que embalou essa trajetória foi o “Obrigado Vida”, nascido de uma piada interna nos bastidores dos trabalhos pesados — horas pendurados em escadas, ao sol, no cheiro de tinta. A expressão virou filosofia, mantra e até nome do novo coletivo pós-pausa do SHN. “É agradecer pelo que a gente escolheu fazer, mesmo quando é cansativo. A gratidão virou coisa séria e se espalhou para além da arte”, relatam.

Dicas para quem quer somar na cena

O conselho de quem tem estrada é simples e direto: erre muito, faça muito, troque com quem puder — de criança a idoso — e, acima de tudo, não desista com os primeiros tombos. “Aqui nossa porta está aberta para todo mundo que quiser colar, ser meio jacu, ter ideias tortas e vontade de somar”, incentivam.

SHN faz questão de lembrar: “Nada vem fácil. É sangue, suor e muita parceria. Mas só errando, trocando e criando junto dá para transformar a sua cidade com cultura.”

O legado: documentário, livro e oficinas

Com o documentário “Truco – SHN 25 anos” recém-lançado e o livro celebrando a trajetória já em pré-venda, o grupo segue compartilhando saberes em oficinas, destacando o poder de troca que a arte proporciona. Nos workshops de serigrafia, cada oficina vira uma oportunidade de ouvir histórias transformadoras — como a do participante de Brasília, que levou o “obrigado vida” como lema após um momento difícil.

A coletividade pulsa forte e o convite está feito

O SHN mostra que resistir com arte é uma escolha diária, feita em rede, de peito aberto. O coletivo celebra a vida, inspira novos criadores e faz de cada adesivo deixado pela cidade um convite para olhar para fora e para dentro.

E para quem acha que virou empresa milionária: “Amizade é massa, mas não paga as contas. Se quer ganhar dinheiro, vai ter que ralar muito!”, avisam.

Assista ao documentário, acompanhe as ações do coletivo pelo Instagram (@obrigadovida, @maisblog019, @SHN25), conheça o livro e venha colar junto — porque como eles sempre dizem aqui no +Blog: Obrigado, Vida. Sempre.

Assista a entrevista completa


Links para conferir:

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